Kaymebe, jogador do FC Porto B e internacional belga Sub-21, é um dos arguidos na 'Operação MegaHertz', processo de megafraude nos exames de código que vai levar 131 pessoas a julgamento, onde vão responder por 1.142 crimes, avança o Correio da Manhã na sua edição impressa desta quinta-feira.

De acordo com o diário, oito dos arguidos são examinadores, seis são instrutores, há sete escolas de condução envolvidas no processo e um engenheiro mecânico responsável pelo controlo dos exames no ACP Porto. Os restantes são alunos, entre eles o jogador da formação secundária azul e branca, que aceitaram pagar quantias que rondavam os cinco mil euros para terem a garantia de que passavam nos exames.

Para além de Joris Kayembe, que atuou no Rio Ave (2015/16) e Arouca (2014/15) por empréstimo dos azuis e brancos, estão também envolvidos um bombeiro, um comandante de navios-hotéis e um treinador de cavalos de corrida. A maioria dos arguidos são desempregados, ou com profissões diferenciadas, e todos revelaram grande dificuldade em realizar os exames de código - muitos já tinham, inclusivamente, reprovado algumas vezes.


Esquema sofisticado

Há arguidos acusados de mais de uma centena de crimes e em causa estão crimes de corrupção ativa, passiva, associação criminosa e falsidade informática, acrescenta o diário. O Ministério Público de Lisboa pediu o encerramento das sete escolas de condução envolvidas - em Gondomar, Maia e Trofa - e que os examinadores e instrutores acusados sejam impedidos de exercer atividade durante um período nunca inferior a cinco anos.

O esquema utilizado era sofisticado: os candidatos usavam microcâmaras e auriculares de maneira a que, no exterior do ACP Porto, os examinadores envolvidos dessem as respostas corretas.

Uma vez que o visionamento através das microcâmaras não era sempre fácil, por causa dos écrãs de computador, os candidatos eram obrigados a mexer-se nas cadeiras à procura da melhor posição, o que levantou suspeitas nos restantes candidatos, que acabaram por denunciar o esquema.

A investigação esteve a cargo do crime económico da Polícia Judiciária, que acompanhou, através de escutas telefónicas, os exames do ACP Porto. O julgamento deverá ocorrer no Porto.

Autor: João G. Oliveira